sábado, 31 de março de 2012

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Crónica: Ensinar boas maneiras às crianças


A leitura do título desta crónica despertará certamente reacções diferentes. Apesar disso, estou certa de que num aspecto todos estaremos de acordo: uma criança mal-educada irrita (muito!) e uma criança bem-educada enternece imenso!

Independentemente do carácter e dos traços de personalidade de cada um dos nossos “pequenos ditadores”, pais e educadores parecem concordar nos pressupostos de que as crianças devem desenvolver competências sociais que, desde logo, as ajudarão no seu desenvolvimento psicológico, nas relações afectivas, no relacionamento interpessoal e na capacidade de aprendizagem. A formação em etiqueta infantil e juvenil seria, em muitos casos, muito útil (porque, além do mais, desenvolveria a confiança e a auto-estima), mas no nosso país ainda não é uma prática (ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos) pelo que a responsabilidade de educar é de todos aqueles que integram o ambiente das crianças e jovens.

Os pais e educadores farão o que quiserem… ou puderem! Contudo, os básicos são isso mesmo, básicos, e vão além da importância que cada um atribui a “estas coisas”. Muito rapidamente essas crianças se tornam adolescentes e, então aí, a ausência de boa educação e a falta de maneiras passam a ser lamentáveis e imperdoáveis, além de não terem graça rigorosamente nenhuma!

Deve, então, em meu entender, trabalhar-se para o desenvolvimento dos seguintes valores:

Respeito: por si próprio mas também, e muito, pelos outros, pelo tempo dos outros, pelo espaço dos outros. No caso das crianças e jovens, insistir em algo muito esquecido, que é o respeito pelos mais velhos.

Aceitação: da diferença, respeitando as outras etnias, religiões, culturas ou modos de vida.

Pontualidade: um requisito essencial da boa educação e que é cada vez mais ignorado.

Civilidade: que começa por aspectos tão simples como cumprimentar, agradecer, pedir licença ou desculpa. E não esqueçamos o modo de estar à mesa: achar que as crianças, só porque estão em casa e em família, podem comer ou comportar-se à mesa de qualquer maneira, é um tremendo erro que lhes custará caro na vida adulta.

Consideração: pelos pais, pelos demais familiares, pelos professores e/ou outros educadores, por todos aqueles com quem interagem.

Empatia: levando as crianças e jovens (não raramente tão centrados em si próprios) a colocarem-se no lugar do outro, novamente respeitando, e evitando o conflito.

Imagem: desde cedo sensibilizando crianças e jovens para a importância da comunicação não-verbal (olhar, expressões faciais, gestos, tom de voz…) mas também para a apresentação pessoal. Porque, independentemente do estilo e das possibilidades de cada um, o asseio é fundamental.

Um outro aspecto, ao qual sou particularmente sensível, é a sensibilização das boas práticas no uso de telemóveis e outros gadgets electrónicos que, ao serem vivenciados como uma continuidade deles próprios, deixaram de obedecer a regras (o telemóvel é encarado como uma extensão dos sentidos e por isso integrado em qualquer circunstância, o que é manifestamente incorrecto).

Estes aspectos – que nada mais são senão preceitos para uma comunicação interpessoal eficiente e positiva – serão extraordinariamente úteis, em meu entender, na passagem de adolescentes a jovens adultos que concorrerão no mercado de trabalho. Acredito que, cada vez mais, em mercados altamente competitivos e saturados de recursos, o que fará a diferença entre dois licenciados ou mestres será o respectivo comportamento pessoal bem como a já designada inteligência social.

Cristina Marques Fernandes
http://protocolopt.blogspot.com

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