terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ser responsável...

Ser responsável promovendo responsabilidade - Renato PaivaNotícia criada em 2012-09-20 e lida 106 vezes
 
Ser responsável promovendo responsabilidade - Renato Paiva

É um longo caminho que com o tempo fomos aprendendo, através de sucessos e alegrias por termos tomado as opções mais acertadas, mas também com tristezas e frustrações de nem sempre termos tomado as melhores opções.
Aprendemos com todas as experiencias. Tanto pelas positivas como pelas negativas. Assim como todas foram importantes no nosso crescimento e responsabilização. Os sucessos e erros dos outros também nos tocam, mas com o que vivenciamos aprendemos certamente mais, de forma mais eficiente e mais significativa. Por isso mesmo é importante que as nossas crianças desde cedo possam vivenciar a experiencia da responsabilidade. Ao proporcionarmos á criança a possibilidade de que participe nas tomadas de decisão, estaremos a contribuir para uma melhoria da sua auto-estima, da valorização e aceitação das suas opiniões, para a construção dum eu mais autónomo e responsável.
É nas idades mais precoces que devemos dar a essa oportunidade de crescimento e aprendizagem às crianças. A responsabilidade aprende-se, assim como se aprende a matemática, as cores ou o valor da amizade.
Bons pais usam a criatividade para descer ao nível dos filhos! Não podemos exigir à criança que entenda códigos de adultos. A responsabilidade é uma “coisa” de adultos. Devemos sim, exigir aos adultos que criem, em si, a capacidade de regredir ao que já foram. Porque todo o adulto já foi criança, mas numa criança já foi adulta.
Para além do trabalho do professor na escola e do educador no jardim-de-infância, as famílias são as principais autoras desta obra permanente, que deve ser presente e persistente, desde sempre. Uma vez que será possível um maior acompanhamento e de forma mais próxima, pelo maior tempo que podemos dedicar às nossas crianças, as férias poderão tornar-se uma excelente oportunidade de podermos ser mais incisivos na estimulação da responsabilidade.
O vestir, a alimentação, as actividades a realizar, as tarefas domésticas, os jogos com que brincar, os amigos com quem estar,…, são inúmeras as possibilidades que podemos utilizar para dar voz às crianças. Oiçamo-las, respeitamo-las e educamo-las!
Certamente, como adultos responsáveis, não acataremos de igual modo todas as suas ideias, opiniões e vontades, mas respeitando, sabendo ouvir e proporcionando muitas delas que não ponham em perigo a criança, estamos no sentido certo.
A responsabilidade adquire-se ao longo do tempo, erra-se e aprende-se. Iniciemos por coisas simples como as tarefas domésticas. Uma estratégia interessante é a utilização de mapas de tarefas domésticas que todos possam depender e disfrutar do esforço comum. Se um mete a mesa, o outro pode limpar o pó, arrumar o quarto, tratar do lixo ou cuidar do cão.
Desde cedo os mais pequenos podem contribuir e ajudar nas lides lá de casa. Ajudar a por ou levantar a mesa pode ser uma delas! Que mal tem em partir um prato ou um copo? Ou que os talheres de vez em quando fiquem ao contrário? Ou que falte um guardanapo? Vamos aprendendo, e as crianças também.
Ter voz na escolha da roupa pode ser também uma tarefa simples onde possamos incutir a responsabilidade da própria escolha. Se a escolha não foi a mais feliz, o que é que realmente é mais importante, a combinação perfeita ou promovermos aprendizagem? Haverá algum inconveniente em ter meias de pares diferentes ou que a camisa não condiga com as calças? Também penso que na esmagadora maioria das vezes não! Em situações de cerimónia teremos mais cuidado, mas no comum dia a dia não será preocupante e os benefícios serão certamente muito compensadores

Educar para a responsabilidade exige sensibilidade para as mudanças que ocorrem em função do tempo. A educação é, assim, simultaneamente, causa e consequência das transformações a que chamamos crescimento.
Aprender, saber e saber fazer são as solicitações mais prementes das vidas sociais dos filhos. Promovam condutas pró-sociais, o respeito pelo outro, a recompensa afectiva da virtude e do reforço negativo do mau comportamento. Evitem a recompensa com meios materiais porque o amor, a amizade, o respeito e a responsabilidade não se compram. Por isso não deixem os vossos filhos sem resposta. Respondam às suas questões. Aos seus porquês. Por mais difíceis ou repetitivas que sejam as respostas. Dir-lhes-á mil vezes o porquê da importância de ir bem vestido, de arrumar o quarto, de cumprir com as suas obrigações, de ter que ajudar em tarefas domésticas,…; Nunca lhes respondam porque não ou porque sim! Dêem-lhes respostas com justificações que lhes permitam testar os seus próprios pensamentos em relação á realidade que os rodeia. As crianças necessitam de modelos, de referências e de regras para se sentirem seguros.
O caminho faz-se caminhando, com tempo, sabedoria e muita paciência.

Renato Paiva (resp. Clínica da Educação)

Sem comentários:

Enviar um comentário